quinta-feira, 13 de junho de 2013

Transporte para um Brasil menos injusto


Vemos hoje uma verdadeira insurgência protagonizada pela causa do transporte público. Para a grande mídia em geral e para os pensamentos conservadores não passam de jovens arruaceiros que merecem repressão da polícia. Pode-se mais uma vez perder a oportunidade de debate daquilo que está no âmago da questão: a exploração e o desserviço prestado aos cidadãos/trabalhadores pelos sistemas de transporte Brasil a fora. Os mesmos que defendem o porrete contra os manifestantes viajam a Londres e a Paris e voltam elogiando a qualidade do transporte urbano de lá. Mas se esquecem de uma diferença fundamental para o nosso: naquelas cidades o transporte é público e estatal, voltado para promover a mobilidade dos cidadãos/trabalhadores com vistas a gerar mais mobilidade, eficiência produtiva e, porque não, bem estar. Além da ncontestável maior eficiência e qualidade, o transporte de lá é mais acessível. Em Paris, um bilhete unitário custa 1,70 euro (R$ 4,85) e um carnê com 10 sai por 13,30 euros (R$ 37,90). Mas se o cidadão paga o passe mensal, pode andar a vontade de ônibus, metrôs e trens por 65,10 euros (185,53) – http://www.ratp.fr/fr/ratp/c_20586/tous-les-titres-et-tarifs/. Aqui no Rio de Janeiro, se o trabalhador pagar 60 passagens de ônibus por mês gastará 177 reais (a R$2,95) e de metrô 210 reais (a R$3,50). Nosso salário mínimo é de 678 reais, enquanto o francês chegou a R$ 4063,15 (http://expresso.sapo.pt/salario-minimo-em-franca-sobe-para-142567-euros=f735665). As empresas de ônibus, trem e metrô cariocas introduziram os cartões eletrônicos nos quais se pode carregar o quanto quiser de dinheiro que o desconto é zero, pois isso serve na realidade para reduzir custos operacionais. E é aí que está a essência do problema: o transporte público é privado e voltado para a exploração do usuário. E como se constitui cada vez mais um monopólio, devido à repressão ao transporte alternativo (que no Rio ainda tem o agravante de ser controlado pelo poder paralelo), as empresas agem como querem. A situação piora, quando o prefeito eleito é financiado por essas empresas e frauda um edital de concessão para mantê-las com o monopólio que já detêm a mais de 40 anos (http://oglobo.globo.com/rio/apenas-quatro-empresarios-concentram-um-terco-do-transporte-rodoviario-no-rio-8417193). Pelo menos há 20 anos, todos os prefeitos eleitos recebem contribuições de empresas de ônibus na cidade. O dinheiro doado pelas empresas é retornado em forma de generosos aumentos acima da inflação. Ou seja, neste esquemão, os trabalhadores financiam a campanha de certos grupos políticos pagando o transporte público-privado. Essa cumplicidade, que não é exclusividade carioca, acaba com qualquer isenção do poder público em sua tarefa de regulação do sistema. Milhões de cidadãos/trabalhadores passam de 4 a 6h por dia em deslocamentos e ainda são taxados pelo discurso hegemônico positivista como ineficientes etc. Assim, a luta pela redução do custo da passagem representa algo muito maior. É por uma necessidade imediata, mas contesta e desestabiliza uma ordem econômica e política extremamente exploratória, que envolve a cooptação do poder público pelo setor privado e mostra que o problema é algo a mais do que “culpa dos políticos”. Quem sabe parando as ruas a luta pode desembocar em um debate que avance para o questionamento desta lógica injusta de estruturação do transporte público?

21 comentários:

  1. As manifestações demonstram que essas pessoas são verdadeiramente cidadãs, pois o cidadão é ativo, não se submete as decisões que lhes prejudicam, que ferem seus direitos, neste caso o direito a um transporte de qualidade a um preço justo. Muitos se dizem contra estas manifestações dizendo que isto é vandalismo, mas por de trás dessas criticas esta um interesse de terceiros que usufruem dos transportes privados e ainda, e principalmente dos governantes que com certeza ganham benefícios com esse aumento.
    Esta mudança nos preços da tarifa de ônibus nada mais é que uma luta de interesses, uma busca por lucro, claro, pois vivemos numa sociedade capitalista onde este é seu principal objetivo, mas felizmente alguns verdadeiros cidadãos não se alienaram a isso e estão lutando pelo interesse da maioria.

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  2. Mais uma vez se vê os interesses das camadas empresariais sendo colocada a frente dos interesses do povo. Há muito tempo os desejos dessa camada já vem sendo sobrepondo-se aos interesses da população e apesar desses desejos não beneficiarem em nada o povo, o atendimento desses desejos só aumenta. Um Estado que se diz republicano deveria priorizar e assegurar o bem comum, não a vontade de uns poucos, mas do coletivo, afinal, ele está a serviço da coisa coletiva. A partir do momento que o Estado não atende e não corresponde as expectativas do povo, não atende ao interesse comum, nada mais justo do que o povo contestar, reivindicar nada melhor que atitudes republicanas para defender nossa república, isto é, se ainda vivemos em uma república.

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  3. Vivemos em uma democracia onde é assegurado o direito dos cidadãos de poder se manifestar e contestar as decisões que vão de contra aos seus direitos , ja que o estado não esta correspondendo, entretanto ao se manifestar são tachados de vandalos, baderneiros por individuos que por exemplo não são usuários do transporte publico,pois tem seus aviões e jatinhos particulares para se deslocarem sem grandes problemas, enquanto isso somos obrigados a usufruir de ônibus em condições precarias sem qualidade alguma e ainda tendo que pagar preços de passagem que não fazem justiça a falta de infraestrutura e a valor do salario minino ,pois um humilde trabalhador que ganha até menos do que esse salario para se deslocar tem que fazer uso de dois ou mais ônibus e isso ao final do mês acaba sendo mais da metade do seu salário, mais para o estado e o s empresarios não significa nada e enquanto isso somos obrigados a seguir essas normas infrigindo não so o conceito de democracia mais o de cidadania pelo fato de que se elegemos nossos representantes e para lutar pelo direito do cidadão e quando isso não ocorre temos o direito de reivindicar e lutar por melhorias.

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  4. Infelizmente ainda tem que haver manifestaçoes como esta para obtençao de um direito que deveria ser garantido e defendido pelos nossos governantes. E graças a democracia, temos a "liberdade" para nos manifestar, apesar de vermos nesse episodio cenas e resquicios notorios ditatoriais que teimam em manchar a verdadeira democracia. Ainda vemos o descarado jogo de interesses entre politicos e empresarios.

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  5. Segundo Foucault só há relação de poder quando houver possibilidade de liberdade, assim diante deste claro jogo de interesses entre governo e empresários que passa por cima dos interesses da população, favorecendo uma minoria em detrimento do povo nada mais justo do que fazer uso da democracia e exercer o papel de cidadão para lutar em prol dos direitos da população, em busca do bem comum. A liberdade é essencial para que haja uma relação plena de poder, dessa forma podemos considerar tais desobediências civis como um motor de transformações sociais.

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  6. Embora manifestações pacíficas costumem ocorrer nas capitais brasileiras por diversas razões, protestos como os que aconteceram esta semana em várias capitais contra o aumento da tarifa dos transportes públicos, expondo a indignação de milhares de pessoas com o status quo, não eram costume neste País. Cumpre lembrar que no primeiro de maio, enquanto várias capitais latinas e europeias foram tomadas por protestos diversos, São Paulo foi ocupada por shows comemorativos (?!). Porém, um bocado de pequenos contratempos constroem uma grande contrariedade. Assim, a meu ver, a não aceitação do aumento da tarifa do transporte público é apenas um dos componentes da insatisfação geral com a incapacidade do poder público em resolver ou sequer minorar as dificuldades sociais crescentes, da qual a mobilidade urbana é a ponta do iceberg, formado pelo sucateamento de toda a rede pública de serviços ao cidadão, que vê, impotente, a iniciativa privada autorizada a agregar tais possibilidades, com perspectivas ilimitadas de lucro, enquanto os governantes aparentam serenidade em berço esplêndido, convencidos do braço forte que defenderá o País de males que atingem somente os outros, os imprevidentes, os ineptos.
    Perante os últimos protestos, a palavra de ordem dos governantes nas entrevistas concedidas naquela 5ª feira esteve alinhada pelos argumentos de que os movimentos se tratavam de ato político (?) e de que o aumento da tarifa está abaixo da inflação. Houve também a informação, por parte do governador paulista, de que o subsídio às empresas de transporte naquele estado é da ordem de R$600 milhões de reais.
    Considerando que o salário mínimo em São Paulo está entre R$755,00 e R$775,00, a hora do trabalhador paulista está entre R$3,04 e R$3,12; considerando que muitos trabalhadores gastam 2, 3, 4 ou mais horas em um sistema de trânsito ineficiente, tempo não contabilizado na jornada de trabalho, isso pode resultar em R$12,00 ou mais por dia, R$312,00 ou mais em vinte e seis dias úteis. E o trabalhador, que não recebe por esse tempo, paga o custo do subsídio às concessionárias de transporte público através dos impostos que incidem desde a água com a qual lava o rosto ao sair da cama até o lanche que toma antes de deitar, e ainda tem que arcar com a tarifa do transporte e seu aumento ‘abaixo da inflação’. E é esta a situação vigente em praticamente todo o País. Sustenta-se que o transporte público no Brasil sofre atualmente de total dependência da rede privada; por outro lado, investigações já demonstraram, e outras estão em andamento, que essas empresas costumam financiar campanhas eleitorais.
    Outro ponto a considerar é que não houve caráter partidário nos movimentos pelo Brasil. Em São Paulo, o transporte público sobre rodas é gerido pelo Município e sobre trilhos, pelo Estado, sendo os respectivos governantes membros de partidos opostos. Então, como atitude política, com certeza, os protestos podem ser classificados, não, porém, da forma pejorativa como ressoou em algumas entrevistas. E como negar o cunho social às manifestações, sintoma de saturação do povo por problemas que vêm se acumulando ao longo do tempo?
    Ainda uma consideração: tanto a mídia quanto as redes sociais deram conta da repressão policial aos movimentos e, especificamente na capital paulista, divulgaram que embora tenha havido atos de vandalismo – um excesso por parte dos manifestantes, o caráter geral da manifestação foi pacífico, agindo a força policial, no entanto, com indiscriminado e excessivo rigor.
    Continua...

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  7. Continuação.
    Diante dos fatos, houve diferentes posicionamentos da sociedade a respeito. Todo esse panorama traz à baila algumas questões teóricas, como o conceito de cidadania, trabalhado por Manzini-Covre, como a percepção individual e interna de cada pessoa como sujeito de deveres e direitos para um bem viver escolhido, não imposto por padrão, não restrito à possibilidade de consumo, sujeitos que ajam e lutem por esses direitos. Daí, às considerações de democracia trazidas por Janine Ribeiro, como valor e como procedimento para resolução de conflitos. Valor na medida em que admite a divergência, o conflito, e significa a renúncia à posse da verdade para a realização do diálogo, no qual a razão do outro tem tanto peso quanto a própria. O autor alerta que a democracia é construção da sociedade que, precisa, em primeiro lugar, democratizar-se, isto é, perceber e modificar as relações autoritárias que ocorrem desde o ambiente íntimo do lar, passando pelo trabalho, até o Estado. E procedimento, na medida em que, pelo respeito às diferenças, possibilita a redução do teor de conflito na sociedade. Resta ainda considerar Foucault que, em 1972, disse que “foi preciso esperar o século XIX para saber o que era a exploração; mas talvez ainda não se saiba o que é o poder.” Sabemos nós?

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  8. A minha satisfação em ver uma mobilização tão grande de estudantes em relação ao aumento da tarifa de transporte público, foi imensa! Pensava que realmente os jovens e a população brasileira estavam cada vez mais alienados e acomodados, a mercê do governo, do poder político. A explosão foi grande, os protestos ocorreram em várias capitais brasileiras, e ainda teve político que se referiu aos protestos como um "ato político", como assim? Não é o mesmo partido político que está no governo dos demais estados. Esse foi um ato de insatisfação, já chega de ter apenas coisas impostas sobre nós, e sempre a aceitação ser positiva. Nem todas as decisões políticas nos agradam, na verdade, a maioria dos políticos governam pensando em si, e no seu partido. Mas o impacto , quem sempre sofre, é a população. E como a matéria vem dizendo, o "transporte público" aqui, é privatizado. E como fica? Empresários querem o aumento, em troca de dar incentivos aos políticos e aos partidos, e a população, vai contra a esse aumento, simplesmente deixando o representante político sem chance de escape, o que ele tem pra dizer? "Meu povo, se não aumentar o preço, eu perco o cargo" é isso? Essa sempre foi a faceta brasileira, Políticos que cobrem empresários. Os verdadeiros donos do país.

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  9. A repercussão que este protesto está tendo no Brasil é muito importante, quem dera que ano passado os atos que ocorreram em Belém e acabaram em violência- assim como o que está ocorrendo em Sampa e são todos por conta de policiais que pelo poder municipal atacam os manifestantes, tivessem tal repercussão também. É em busca de uma qualidade de vida urbana melhor que eles reivindicam por uma redução à tarifa de transportes, isso sim é exercer a cidadania, numa luta e embate com a máquina política para que sejam executados nossos direitos públicos. Assim como na Europa tem-se transporte público e estatal, podemos- através da luta, conseguir que isso ocorra também no Brasil.

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  10. “Em Atenas[...] o povo exercia o poder, diretamente, na praça pública” “Hoje elegemos quem decidirá por nós[...] . Os Gregos, não. Eles iam a praça discutir questões que interessavam a todos”(Ribeiro, Renato Janine, 1949)
    A questão é: a praça( maneira de expressão de liberdade da democracia grega) não existe mais, mas existem as ruas( nossa atual maneira de expressão da liberdade) um importante espaço usado historicamente e atualmente na luta dos direitos contra a exploração que nos atinge cotidianamente. Não estou aqui defendendo a libertinagem, mas sim, defendendo a possibilidade de diálogo, de manifestação, do exercício do poder, que não deveria ser um monopólio mas é, há um monopólio em cada esfera, e no transporte não é diferente, além das péssimas condições de nosso transporte “público” sofremos uma exploração desregrada com a corrupção que existe também nessa esfera. O trecho de “A Democracia” de Janine Ribeiro retrata o grande prejuízo da corrupção que é o que mais mata “Os piores crimes dizem respeito à corrupção, ao colarinho branco, a uma destruição do tecido social promovida discreta e eficazmente. Os crimes dos pobres têm maior visibilidade e são bem explorados pela mídia. Mas a corrupção, o conúbio entre a administração pública e a riqueza privada, causa maior dano a sociedade. Gera mortes, ainda que os criminosos não apertem diretamente o gatilho” .
    Gostaria de comentar aqui também outro monopólio, os que nos aliena, a mídia. Na luta pela redução do custo da passagem a mídia reverte a história a sua versão e a seu interesse transformando os manifestantes em vândalos e o poder público como controlador do "caos" .

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  11. O que estamos vendo nada mais é que a verdadeira prática de cidadania.Maria de Lourdes Manzine-Crove em seu livro "O que é cidadania",diz "Só existe cidadania se houver prática da reivindicação,da apropriação de espaços,da pugna para fazer valer os direitos do cidadão.Neste sentido, a prática da cidadania pode ser a estratégia,por excelência,para a construção de uma sociedade melhor".Mas a maior parte da população não vê dessa forma,e caracterizam esses "verdadeiros cidadãos",como sendo arruaceiros e desocupados,que estão criando problemas para a "ordem" da sociedade.O problema é que a maioria da sociedade não conhece seus direitos e normas por isso não pode lançar mão delas para se defender, e quando esse reconhecimento de direitos não acontece significa cair nas mãos daqueles que detêm o poder econômico ou político, o que é mostrado com clareza no texto.

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  12. A questão do transporte publico no Brasil é apenas uma das muitas mazelas em que vivemos. O transporte publico de qualidade é essencial para o bom funcionamento do país, na medida que conduz os trabalhadores aos seus postos, no entanto, o governo não reconhece isso. E os recentes protestos -iniciados em são Paulo- tem uma causa maior que o reajuste dos preços das passagens - de R$ 3,00 para 3,20-,após anos de opressão e corrupção por parte do governo, é como se estivesse ocorrendo uma "catarse coletiva", a ponto da população exprimir em uma protesto que inicialmente tinha uma causa restrita -aumento das passagens- todos os problemas que a população sofre diariamente - precariedade na saúde, segurança, transporte, saneamento etc.
    o atual governo- que está ligado aos movimentos populares que derrubaram a ditadura militar no Brasil- parece não reconhecer esse direito fundamental da população: o de protestar. Pois enfim, o que parece é que o estado brasileiro não se reconhece como Estado Democrático de Direito- onde o principio norteador para a decisão do estado é a constituição-,confundindo-se com estado de exceção- onde os direitos constitucionais são suprimidos e aproxima-se do Autoritarismo.

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  13. "O mundo da necessidade é o da economia." ( Ribeiro , Janine Renato - A Democracia, pág.29) Vivemos em uma realidade em que a política muita das vezes ( em especial a brasileira ) torna-se refém das leis do mercado. Infelizmente, por ação da mídia , e acima de cultura que existe no país de que protesto é coisa de gente folgada, que não tem o que fazer em casa, a cidadania que já é pouco exercida, torna-se ainda mais escassa. Felizmente, a onda de protestos que vem ocorrendo no Brasil, não apenas pelo passe livre, mas como também pela defesa do dinheiro da copa para outras finalidades, prova que sim, há um movimento de resistência,e que ela vai ficando cada vez mais forte. E o que há de mais em tudo isso é que por mais que haja uma força contrária a todas as reivindicações dignas, essa mesma força deixa brechas com seus discursos repetitivos e sua ladainha paradoxal, permitindo que a população, ao menos se pergunte se o que o governo vem dizendo está certo,e se não há um motivo maior por trás de todos esses protestos, além do que alguns acreditam que é apenas baderna.

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  14. MariaAA

    Os protestos direcionados ao transporte público, é sem dúvida um direito da população. Pois como diz a autora Maria de Lourdes Manzini-Covre "a Constituição é uma arma na mão todos os cidadãos, que devem saber usá-la para encaminhar e conquistar propostas mais igualitárias." Sendo assim, por que há tanta repressão contra estes manifestos? Por que há o uso da violência?
    A autora diz também "Só existe cidadania se houver a prática da reinvidicação, da apropriação de espaços, da pugna para fazer valer os direitos do cidadão."
    Então há a necessidade da reinvidicação do povo, para haver melhorias, pois se o povo se calar e não se manisfestar, as condições que são tão precárias, como do transporte público, continuarão sem serem resolvidas. Pois aqueles que o monopolizam, não se importam em oferecer a população um transporte que qualidade, de segurança, enfim.
    Então se não há qualidade, não há por que haver o aumento constante das passagens.
    Então é preciso haver essa conscientização da maioria, é necessário a união deste povo, até porque o problema é muito maior do que "apenas 0,20 centavos."

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  15. É, no mínimo, curioso perceber que o público é controlado pelo privado, principalmente quando se vive em um sistema de república que, em suma, significa "coisa pública". Essa afiliação entre empresas de transporte e o governo, exemplifica bem o monopólio de poder criado sobre o que deve ser direito de todos, de modo que nessa relação, apenas quem realmente precisa usar de tais recursos é explorado, com preços altos levando em consideração o funcionamento do serviço, por exemplo.
    Os direito do cidadão é violado e, de alguma forma, é necessário execer o poder popular de cobrar o que é seu, indo em busca do bem coletivo e tirando o foco de seu querer individual. Isto vem ocorrendo em forma de movimento popular e social que visa a restauração e obtenção de direitos. É uma forma de acordar da inércia e exercer seu papel de agente fundamental da manutenção da cidadania.

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  16. No Brasil a questão da privatização do que é público é um sério problema,pois interesses pararelos são colocados em jogo sem levar em conta a melhoria e a garantia de direitos da população.Isto é lamentável porque a massa é bastante prejudicada,além de utilizar um transporte de má qualidade,ainda tem que pagar um preço caro por ele.
    Ana Paula Coutinho.

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  18. O ano de 2103 é mais um que não há de terminar; as ruas estão sendo tomadas por um movimento que, se ainda não o é, promete ser revolucionário. Os jovens do Brasil acordaram e agora dificilmente há quem os faça parar. É verdade que tudo começou em São Paulo com o Movimento Passe Livre quando da divulgação do eminente aumento das passagens de ônibus, porém o movimente está tomando cada vez mais dimensões que são, se não inimagináveis, são no mínimo improváveis. Da mesma forma que os focos territoriais de ação se multiplicam, estendendo-se para todas as regiões do Brasil em dezenas de cidades e também ganhando dimensões internacionais com a ocorrência de diversas manifestações a favor de nossa causa em países da Europa, América do Norte e Ásia as demandas também crescem exponencialmente. O que começou como um protesto pelo não aumento da tarifa de transportes e quiçá por um transporte gratuito já toma proporções cada vez mais heterogenias, mas que não perde sua unidade política, já que a causa maior que está unindo a todos nessas manifestações Brasil é fora é, sem dúvida, a necessidade e exigência de mudanças. Mudanças para melhor, é claro, não só nos transportes, mas também na educação, na saúde, segurança, controle da inflação, diminuição de impostos, transparência do governo, necessidade de investimentos com utilidade pública e não construção de obras faraônicas e superfaturadas para copa do mundo e olimpíadas, não votação de projetos de lei, dentro outros; mas uma das questões que, resguardando a importância das demais, é uma das mais importantes, diz respeito à corrupção. Vivemos em uma República Democrática de Direitos, porém a corrupção fere a própria noção de república, inviabiliza a democracia e viola os direitos dos cidadãos. A corrupção fere o laço social básico da confiança no outro; segundo os teóricos contratualistas do Estado, este nasceu a partir de um contrato social firmado entre os indivíduos pela necessidade da garantia de direitos, como a propriedade privada, a segurança, etc. e este contrato seria firmado pautado na confiança que a maioria depositaria na pessoa que foi eleita para lhes garantir esses direitos. Mas esse laço de confiança é quebrado diariamente em nosso país; república quer dizer res publica, ou seja, coisa pública, algo que pertence à população porque é dela de direito, porque foi ela quem “emprestou” em forma de impostos para que lhe fosse devolvido em forma de investimentos em obras e políticas públicas, porém constantemente este patrimônio público é apropriado por políticos para seu uso privado, políticos que já recebem um salário vinte vezes maior que um professor, uma série de “ajudas de custo” e ainda roubam nosso dinheiro! E assim nossos direitos são violados pela inexistência ou não efetividade de políticas públicas por “falta” de verbas; adolescentes são presos quando entram no mundo do crime e do tráfico porque não tiveram acesso a educação e consequentemente foram excluídos do mercado de trabalho, porque vivem em uma família desestruturada que não foi atendida por programas mínimos de assistência social, porque são vítimas de um sistema que reproduz a violência toda vez que um corrupto se apropria do que é nosso por direito; crianças morrem nos hospitais pela péssima estrutura de nosso sistema de saúde que no papel é uma grande utopia.
    Continua...

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  19. Continuação...
    Chega de manchar o sangue que foi derramado no passado durante a luta por democracia, chegou a hora de nos representarmos a nós mesmos nas ruas. Estamos e vamos continuar exigindo que nos seja devolvido o que é nosso com juros, que nos sejam assegurados nossos direitos utilizando um direito fundamental que é o político, reclamando, protestando, se manifestando e lutando por um país melhor. Nossa luta está apenas começando, o gigante acordou e está nas ruas, espero que não paremos até atingirmos nossas metas; vamos limpar a sujeira do Brasil, vamos matar este monstro que é a corrupção, somente assim poderemos ter reais e efetivos investimentos que nos assegurarão o transporte e demais direitos essenciais. Os filhos do Brasil não fugiram à luta e, apesar dos que não compreendem e criticam o que fazemos nos chamando de arruaceiros, vândalos e desocupados, amanhã ainda há de ser outro dia; desculpem-nos, estamos mudando o Brasil.

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  20. Como foi dito acima, espera-se o aparecimento de tropas de choque, da policia ostensiva que vem para conter os protestos, porém é preocupante perceber que apesar de tentar confirmar a segurança de certos bens públicos e de pessoas não envolvidas em manifestações, muitas vezes o estado dá à policia tamanho poder que a mesma se sobrepõe aos direitos democráticos de expressão. Gostaria acrescentar também que alem dos trabalhadores que se esforçam para sobreviver e trabalhar com um salário mínimo, o Brasil tem ainda um grande contingente de trabalhadores informais que podem receber menos que o devido apesar de necessitar dos mesmos serviços. A ida às ruas de forma pacifica não é por um motivo bobo, simples, é uma investida dos cidadãos para garantir diversos direitos que lhe cabem, é democracia.

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  21. A dinâmica que se passa no Brasil ao tratarmos de transporte público era um descaso significativo, após as manifestações ocorridas, pode-se notar que houve um pouco mais de conscientização nos usuários dos serviços, e o que nos falta é cada vez mais cobrar transparência nos processos licitatório desse tipo de exploração de serviço, para que saibamos quais são os cidadãos envolvidos nesses contratos e que possamos ter alguma forma controle e acompanhamento da qualidade dos serviços e preços. Aqui em Belém por exemplo, tem uma autarquia fiscalizadora, a AMUB, devemos estar junto a está por exemplo, denunciando os ocorridos, já é um bom começo.Pois vemos que o grande problema mesmo estão nas pessoas, só reclamam ou brigam com quem está a baixo na hierarquia, enquanto a briga deve ser com os grandes, prefeito, vereadores e gestor da AMUB, para que possam manter o minimo de serviços de transportes adequados em Belém. Mas o inicio de tudo isso é o falar, o discutir e o lutar pela manutenção da qualidade desses serviços que deveriam ser oferecidos, sejam pela iniciativa privada ou pública, exploração de serviços de transporte

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