sábado, 11 de abril de 2015

Abaixo-assinado Manifesto em defesa dos direitos dos trabalhadores ameaçados pela Terceirização!

Abaixo-assinado Manifesto em defesa dos direitos dos trabalhadores ameaçados pela Terceirização!

Para: Todos os poderes públicos deste País, ao Congresso Nacional, ao Tribunal Superior do Trabalho, ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério do Trabalho, ao Ministério da Justiça, às Centrais Sindicais, as Entidades Representativas de estudiosos e pesquisadores do mundo do trabalho, ao conjunto da sociedade

Nos dias 4 e 5 de outubro deste ano foi realizada em Brasília a primeira Audiência Pública promovida pelo Tribunal Superior do Trabalho, TST, tendo como tema a “Terceirização da mão de obra”. Participaram do evento tanto representantes de empresas quanto dos trabalhadores, pesquisadores e estudiosos do tema e que apresentaram diferentes visões sobre a Terceirização. A iniciativa louvável demonstra a disposição do TST de proceder à interlocução com os agentes envolvidos com as questões judicializadas, que, especialmente no caso em questão, concernem e afetam o conjunto dos trabalhadores e da sociedade brasileira. 

Como continuidade desse encontro e reunindo aqueles que se manifestaram criticamente à Terceirização em nosso país, dirigimo-nos às instituições de regulação do direito do trabalho, ao Poder Legislativo e à sociedade como um todo, com o objetivo de chamar a atenção e demandar ações imediatas e plenamente exeqüíveis para reduzir os gravíssimos problemas sociais provocados pela Terceirização do trabalho. 
Pesquisas desenvolvidas por diversas instituições, nas últimas três décadas em todos os setores econômicos e regiões do País, evidenciam o crescimento sem controle da Terceirização e a tendência, já verificada em alguns setores, de redução do quadro de empregados efetivos invertendo o número de efetivos em relação aos subcontratados/terceirizados. 

Revelam também, invariavelmente, a precarização das condições de trabalho, expressa nas situações de riscos, no número de acidentes e adoecimentos, bem como nos baixos níveis salariais, maiores jornadas de trabalho, maior rotatividade, desrespeito às normas de saúde e segurança, bem como no índice de inadimplência dos direitos trabalhistas. Uma precarização atestada pelos depoimentos dos sindicatos, das centrais sindicais, dos estudiosos do mundo do trabalho e, especialmente, pelos trabalhadores e trabalhadores que padecem cotidianamente o flagelo da Terceirização. 

No plano subjetivo, os trabalhadores, tanto terceirizados, quanto diretamente contratados, sofrem com os empecilhos à criação de identidades coletivas nos locais de trabalho. Os subcontratados, em especial, têm dificuldades para construir laços de pertencimento nos espaços onde passam a maior parte da vida e onde têm sido discriminados e tratados como de “segunda categoria”. A regulamentação das relações de trabalho no nosso país, por conseguinte, se enfraquece com a fragilização da capacidade de organização coletiva dos trabalhadores e de seus sindicatos. 

Ao contrário do que é cinicamente propalado por agentes diretamente interessados, a Terceirização não gera (nem pode gerar) empregos, na medida em que não é no mercado de trabalho que se encontram as soluções para o crescimento econômico que impulsiona a criação de postos de trabalho. Ainda, é falacioso o discurso a respeito da necessidade da Terceirização para a alocação de mão de obra especializada tecnicamente, tão ou mais subordinada estruturalmente ao comando empresarial da Tomadora. Ademais, a Terceirização cria o fetiche de que na venda da força de trabalho a outrem não há subordinação, como se não operasse um deslocamento da exploração, com trabalhadores subordinados passando à estranha condição de empreendedores, empresários, parceiros, cooperativados, etc.. 

Por outro lado, o que se percebe é que a Terceirização, de fato, diminui o número de postos de trabalho na economia, porque os trabalhadores subcontratados são obrigados a realizar jornadas de trabalho mais longas, estreitando as contratações no conjunto do mercado de trabalho. 

Atualmente ocorre a transferência dos riscos dos negócios que envolvem tomadoras de serviços e empresas terceirizadas para os trabalhadores. Tanto a tomadora quanto a terceira contratada beneficiam-se diretamente do trabalho dos subcontratados e da intensidade de sua exploração, engendrando relações de riscos empresariais mútuos, seja do não pagamento das faturas às contratadas pelas contratantes, seja do não cumprimento de cláusulas contratuais pelas contratadas. Contudo, qualquer que seja a parte empresarial inadimplente, os trabalhadores terceirizados são os que sofrem os prejuízos, tendo seus direitos violados, em frontal contradição aos princípios elementares da ordem jurídica trabalhista. 

Em síntese, são esses os resultados da Terceirização para os trabalhadores: precarização, sofrimento, adoecimento e morte. Do ponto de vista da representação sindical, uma classe trabalhadora ainda mais cindida, fragilizada. Esses efeitos já foram disseminados e produzidos. O futuro, contudo, podemos mudar. 

Projetos de lei que tramitam no Congresso brasileiro, como é o caso do PL nº 4302-C, do Executivo, apresentado em 1998, com substitutivos, e o PL nº 4330/04 e, mais recentemente, o substitutivo do Relator, Deputado Roberto Santiago, se aprovados mais agravarão esse estado de coisas. Assim, denunciados o fato objetivo de que esses projetos de lei, além de liberarem a Terceirização para todas as atividades, inclusive quando essenciais à Tomadora, fazendo da exceção a regra, não definem como solidária a responsabilidade das empresas envolvidas na Terceirização e não garantem efetiva isonomia das condições de trabalho e de direitos, contribuindo para a fragilização da organização sindical. Rejeitá-los coloca-se como essencial à defesa da sociedade como um todo e da ordem jurídica do nosso país. 

Na verdade, o que está em jogo é o reequilíbrio de uma ordem jurídica maculada pela Terceirização do trabalho na contramão dos princípios constitucionais da dignidade humana e do valor social do trabalho. 

Por isso, conclamamos a todos os poderes públicos deste País, ao Congresso Nacional, ao Tribunal Superior do Trabalho, ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério do Trabalho, ao Ministério da Justiça, às Centrais Sindicais, as Entidades Representativas de estudiosos e pesquisadores do mundo do trabalho, ao conjunto da sociedade, para que assumamos nossas responsabilidades para, conjuntamente, avançarmos no sentido da eliminação dessa epidemia de desrespeito aos direitos trabalhistas representada pela Terceirização que agride a dignidade do trabalho! 

E, a respeito dos projetos de lei em andamento no Parlamento brasileiro ou em construção em outros espaços institucionais, que se lute para que toda e qualquer regulamentação que venha a ser aprovada esteja necessariamente alicerçada nos seguintes pilares: 

Que vede a locação de trabalhadores e trabalhadoras! 
Que imediatamente proíba a Terceirização nas atividades permanentemente necessárias à Tomadora; 
Que imediatamente assegure a responsabilidade solidária das empresas envolvidas na Terceirização, tanto no setor privado quanto no público! 
Que garanta plena igualdade de direitos e condições de trabalho entre empregados diretamente contratados e trabalhadores terceirizados, com inclusão de mecanismos que impossibilitem a fraude a direitos! 
Que assegure a prevalência da norma mais favorável entre os instrumentos coletivos de trabalho que incidam sobre uma mesma empresa! 
Que assegure a representação sindical pelo sindicato preponderante! 
São Paulo, 1º de novembro de 2011 

ASSINE O ABAIXO-ASSINADO AQUI


V Congresso Internacional sobre Drogas; II Seminário de Pesquisa e Extensão em Álcool e Drogas

Acontecerá em São João del-rei (MG) nos dias 5, 6 e 7 de novembro o V Congresso Internacional sobre Drogas; II Seminário de Pesquisa e Extensão em Álcool e Drogas. 


"Roda de Conversa sobre a Redução da Maioridade Penal e sobre a Reforma Política: o que a Psicologia tem a ver com isso?"


Participe da "Roda de Conversa sobre a Redução da Maioridade Penal e sobre a Reforma Política: o que a Psicologia tem a ver com isso?" Acontecerá no dia 14 de abril, às 17h30, no auditório do CRP 10, na Generalíssimo Deodoro 511, entre as ruas Antônio Barreto e Domingos Marreiros. 

O evento é uma organização do Grupo de pesquisa Transversalizando da UFPA, Grupo de Trabalho (GT) de Infância e Juventude do CRP10, Projeto "CRP10 ao seu lado" e Frente Paraense contra a Redução da Maioridade Penal. 

Inscrições pelo e-mail: cotec@crp10.org.br. 

Para mais informações: http://goo.gl/baXuxg


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Nota do Grupo Transversalizando: NÃO À REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL!

O grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão Transversalizando se posiciona contra a redução da maioridade penal. 
A PEC171/93 é inconstitucional, opera uma seletividade penal, se coloca como restritiva de direitos de grupos que têm historicamente sofrido a violação de seus fundamentais direitos, em uma sociedade que valoriza mais o patrimônio que a vida. 
As prisões não são espaços para onde devemos encaminhar qualquer pessoa, são verdadeiros lugares de produção da morte. 
O Brasil não pode continuar exterminando os jovens pobres e negros e muito menos prendendo-os, deve obrigatoriamente criar políticas de proteção aos jovens que sejam afirmativas e dignas, pautadas nas declarações ratificadas pelo país nos organismos internacionais.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Cronograma do Grupo Transversalizando 2015


O grupo Transversalizando retoma suas atividades. Confira abaixo nosso cronograma de estudos! 
Nos encontramos nas terças-feiras, às 17h45, no bloco C (Pavilhão Básico) da Universidade Federal do Pará (UFPA). 
Os textos estão disponíveis no Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da UFPA, na pasta denominada "Grupo Transversalizando". 


PLANEJAMENTO 1º SEMESTRE DE 2015

MARÇO


03/03:

Planejamento


10/03:

Relação entre “Ordem dos Discursos” e Documentos


17/03:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 06 de Janeiro de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault- Aula de 06 de Janeiro de - - 1982 – 2°h


24/03:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 13 de Janeiro de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 13 de Janeiro de - - 1982 – 2°h


31/03:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 20 de Janeiro de - - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 20 de Janeiro de - - 1982 – 2°h


ABRIL 
07/04:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 27 de Janeiro de - - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 27 de Janeiro de - 1982 – 2°h


14/04:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 03 de Fevereiro de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 03 de Fevereiro de - 1982 – 2°h


21/04:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 10 de Fevereiro de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 10 de Fevereiro de - 1982 – 2°h


28/04:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 17 de Fevereiro de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 17 de Fevereiro de - 1982 – 2°h


MAIO 
05/05:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 24 de Fevereiro de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 24 de Fevereiro de - 1982 – 2°h


12/05:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 03 de Março de - - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 03 de Março de - - 1982 – 2°h


19/05:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 10 de Março de - - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 10 de Março de - - 1982 – 2°h

26/05:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 17 de Março de - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault- Aula de 17 de Março de - - 1982 – 2°h


JUNHO
 02/06:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault- Aula de 24 de Março de - - 1982 – 1°h

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault - Aula de 24 de Março de - - 1982 – 2°h


09/06:

A Hermenêutica do Sujeito de Michel Foucault – Resumo e Avaliação Final


16/06:

Documento e História – a memória evanescente

Pequena história do documento


23/06:

Uso e mal uso dos arquivos

O discurso das imagens libertárias

30/06:

Confraternização.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Moção de Repúdio dos Centros Acadêmicos da Saúde à Congregação/Direção do ICS!


MOÇÃO DE REPÚDIO DOS CENTROS ACADÊMICOS DA SAÚDE À CONGREGAÇÃO/DIREÇÃO DO ICS.

Como mostrado domingo na reportagem do Fantástico as terceirizações da saúde apresentam muitos problemas por conta de que o objetivo principal de uma fundação pública, não é fazer caridade, pois como sua personalidade jurídica é privada, seu objetivo principal é o lucro. Não sabemos quem está por trás dessas fundações e empresas, e nada nos garante que a roubalheira e o serviço vai melhorar, portanto é uma tremenda contradição epistemológica e científica o ICS aprovar o apoio da UFPA a EBSERH. Convidam a reitoria, mas não convidam representantes dos sindicatos para debater o assunto. Não há um espaço com iniciativa do instituto para debater o assunto com a comunidade e ouvir a opinião de ambos os lados para que o estudante, professor e servidores ter a liberdade de decidir qual a melhor solução. 

O silêncio impera nas salas de aula quando se comenta sobre o assunto. É muito fácil se posicionar a favor, quando o próximo diretor é primo do reitor. E muito fácil votar a favor, quando se irá ocupar um cargo de pró-reitoria na universidade no próximo semestre. Os vícios da velha república se mantém. O carguismo, o clientelismo, o empreguismo, o medo de perder privilégios, as oligarquias se mantém nessas estruturas do poder, e tudo isso pesa na decisão de um voto. 

A que nos serve estudar de cabo a rabo o SUS, fazer brilhantes discursos em defesa nas salas de aula, se nossa prática revela o contrário? Do que nos diferenciamos dos corruptos que tanto repudiamos, se na prática fazemos os mesmos acordos políticos obscuros? Nos desculpem os professores do ICS que nos ensinaram a defender o SUS, mas essa decisão não representa os anseios da comunidade do Instituto de Ciências da Saúde. É uma polêmica que precisa ser analisada de forma muito sensível, precisamos aprofundar mais o debate para tomarmos a devida decisão, cada um pode até mudar de ideia se nos garantirem que nem o SUS e nem a constituição será ferida, mas até agora os estudantes não se convenceram. Se é pra ser a favor, que se debata na base e se tome a decisão de forma democrática, transparente e aberta com todos.

A Congregação do ICS é a favor, mas a comunidade do ICS será que é favor dessa decisão? A quanto estamos esclarecidos sobre o assunto? Qual o grau de acúmulo de discussão que teve na comunidade? Nenhum! E foi negado hoje na congregação a proposta de se adiar a decisão para se prolongar o debate, mas nem isso foi aceito. Falam tanto de democracia, mas todas as decisões se restringem a cúpula da congregação e dos colegiados. Diferentemente dos outros institutos, não existe eleição direta. O ICS é o instituto mais antidemocrático da UFPA, nós, estudantes, somos muito bem esclarecidos e preservamos nossa autonomia, e não massa de manobra da reitoria e do governo federal, como está sendo o ICS ao r a favor da política do governo federal e dos reitores. Vocês são massa de manobra do que representa o mais obscuro da velha política. 

Lutamos por autonomia e contra toda essa lógica da velha política, queremos ética na política na tomada das decisões, queremos autonomia, queremos liberdade para pensarmos e propormos o melhor para a sociedade sem que sejamos massa de manobra de governos e reitorias. Portanto os centros acadêmicos assinam esta carta em repúdio a decisão arbitrária desta congregação, e continuarão em mobilização e debatendo o assunto de cara limpa com os estudantes, inclusive iremos convidá-los para os espaços de debate, e que o instituto se faça presente para debater e nos convencer, pois nós estudantes não precisamos exclusivamente de professor para debater contra a EBSERH, temos muitos lutadores que tem a capacidade de debater o assunto de cara limpa, com fundamentação científica, polarizada, e a altura de qualquer professor dessa universidade. 

Assinamos esta carta e espero que o instituto não se esconda dentro dos gabinetes da universidade, e desça pra base pra se justificar.

ASSINAM ESTA CARTA:
CENTRO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM – UFPA
CENTRO ACADÊMICO DE NUTRIÇÃO – UFPA
CENTRO ACADÊMICO LIVRE DE FARMÁCIA – UFPA
CENTRO ACADÊMICO LIVRE DE ODONTOLOGIA – UFPA
CENTRO ACADÊMICO DE FISIOTERAPIA – UFPA
CENTRO ACADÊMICO DE TERAPIA OCUPACIONAL - UFPA
CENTRO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA NISE DA SILVEIRA - UFPA
DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES DA UFPA

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ritalina, a droga legal que ameaça o futuro!

Publicado em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/ritalina-a-droga-legal-que-ameaca-o-futuro/



Com efeito comparável ao da cocaína, droga é receitada a crianças questionadoras e livres. Professora afirma: “podemos abortar projetos de mundo diferentes”

Por Roberto Amado, no DCM
É uma situação comum. A criança dá trabalho, questiona muito, viaja nas suas fantasias, se desliga da realidade. Os pais se incomodam e levam ao médico, um psiquiatra talvez.  Ele não hesita: o diagnóstico é déficit de atenção (ou Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH) e indica ritalina para a criança.
O medicamento é uma bomba. Da família das anfetaminas, a ritalina, ou metilfenidato, tem o mesmo mecanismo de qualquer estimulante, inclusive a cocaína, aumentando a concentração de dopamina nas sinapses. A criança “sossega”: pára de viajar, de questionar e tem o comportamento zombie like, como a própria medicina define. Ou seja, vira zumbi — um robozinho sem emoções. É um alívio para os pais, claro, e também para os médicos. Por esse motivo a droga tem sido indicada indiscriminadamente nos consultórios da vida. A ponto de o Brasil ser o segundo país que mais consome ritalina no mundo, só perdendo para os EUA.
A situação é tão grave que inspirou a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, a fazer uma declaração bombástica: “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro”, disse ela em entrevista ao  Portal Unicamp. “Quem está sendo medicado são as crianças questionadoras, que não se submetem facilmente às regras, e aquelas que sonham, têm fantasias, utopias e que ‘viajam’. Com isso, o que está se abortando? São os questionamentos e as utopias. Só vivemos hoje num mundo diferente de mil  anos atrás porque muita gente questionou, sonhou e lutou por um mundo diferente e pelas utopias. Estamos dificultando, senão impedindo, a construção de futuros diferentes e mundos diferentes. E isso é terrível”, diz ela.
O fato, no entanto, é que o uso da ritalina reflete muito mais um problema cultural e social do que médico. A vida contemporânea, que envolve pais e mães num turbilhão de exigências profissionais, sociais e financeiras, não deixa espaço para a livre manifestação das crianças. Elas viram um problema até que cresçam. É preciso colocá-las na escola logo no primeiro ano de vida, preencher seus horários com “atividades”, diminuir ao máximo o tempo ocioso, e compensar de alguma forma a lacuna provocada pela ausência de espaços sociais e públicos. Já não há mais a rua para a criança conviver e exercer sua “criancice.
E se nada disso funcionar, a solução é enfiar ritalina goela abaixo. “Isso não quer dizer que a família seja culpada. É preciso orientá-la a lidar com essa criança. Fala-se muito que, se a criança não for tratada, vai se tornar uma dependente química ou delinquente. Nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona. E o que está acontecendo é que o diagnóstico de TDAH está sendo feito em uma porcentagem muito grande de crianças, de forma indiscriminada”, diz a médica.
Mas os problemas não param por aí. A ritalina foi retirada do mercado recentemente, num movimento de especulação comum, normalmente atribuído ao interesse por aumentar o preço da medicação. E como é uma droga química que provoca dependência, as consequências foram dramáticas. “As famílias ficaram muito preocupadas e entraram em pânico, com medo de que os filhos ficassem sem esse fornecimento”, diz a médica. “Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência. Também pode apresentar surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio. São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA)”.
Enquanto isso, a ritalina também entra no mercado dos jovens e das baladas. A medicação inibe o apetite e, portanto, promove emagrecimento. Além disso, oferece o efeito “estou podendo” — ou seja, dá a sensação de raciocínio rápido, capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo, muito animação e estímulo sexual — ou, pelo menos, a impressão disso. “Não há ressaca ou qualquer efeito no dia seguinte e nem é preciso beber para ficar loucaça”, diz uma usuária da droga nas suas incursões noturnas às baladas de São Paulo. “Eu tomo logo umas duas e saio causando, beijando todo mundo, dançando o tempo todo, curtindo mesmo”, diz ela.