domingo, 18 de novembro de 2012


No mês de outubro, foi lançada uma Campanha Internacional contra a Medicalização da Vida, onde diversos países organizaram eventos reafirmando a discussão sobre uma prática amplamente usada pelas instituições e profissionais: a de medicalizar o comportamento das pessoas na sociedade, atribuindo rótulos e diagnósticos médicos a questões de ordem social, cultural, histórica etc.
No Brasil, os eventos aconteceram dias 10 e 11 de novembro na capital de São Paulo e em Campinas, nesta oportunidade foi lançado um documento denominado “Recomendações Não Medicalizantes para Profissionais de Serviços de Educação e Saúde” que pretende propor práticas de intervenção contrárias à racionalidade medicalizante.
Em Belém, dia 19 deste mês, ocorrerá o 3º Fórum de Medicalização Frente à Educação e a Sociedade, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia. O evento contará com a presença da Conselheira Federal e Doutora em Psicologia Marilene Proença, importante debatedora sobre este tema no Brasil.
Medicalizar é justificar dificuldades e problemas de uma pessoa exclusivamente por suas características individuais ou familiares. São explicações que mitificam os problemas e que não se sustentam frente a análises mais rigorosas. Correspondem aos encaminhamentos que, comumente, buscam deslocar o eixo da preocupação social para o individual (BOARINI, 2004).
 A medicalização é questão de debate público interdisciplinar no campo dos Direitos Humanos e da Educação. É um fenômeno amplo em suas implicações sobre a organização da sociedade, suas instituições e sobre a formação dos sujeitos, exercendo força sobre a organização cotidiana do ambiente escolar, familiar e laboral, como afirmou a conselheira do Conselho Federal de Psicologia Marilene Proença.
Todas as discussões opostas à Medicalização da Educação e da Sociedade procuram ampliar e democratizar o debate, fazendo interlocução entre sociedade e universidade, socializando o significado da medicalização e suas consequências, construindo estratégias, ampliando a produção teórica sobre o tema e intervindo na formulação de políticas públicas, em ações intersetoriais que reduzam os efeitos ou subvertam a ordem da racionalidade medicalizante, em nossa sociedade.

Evelyn Ferreira é Psicóloga da Secretaria de Educação e aluna especial no Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFPA.

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