sexta-feira, 22 de março de 2013

Racismo: O que a Psicologia tem haver com isso?

O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), produz um jornal bimestral, com intuito de levantar discussões referentes aos temas que se encontram em destaque nas pautas de debates com os psicólogos do Brasil. Na edição (18), o jornal procurou discutir o Racismo no Brasil. Acompanhe agora, a entrevista realizada com Edson Passetti, professor do Departamento de Política e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP e coordenador do Núcleo de Sociabilidade Libertária (NU-Sol).

                            

1) Em algumas entrevistas, o senhor disse que estamos em uma sociedade de transição entre a disciplinar e a de controle. Como se caracteriza cada uma delas? Que características de cada uma vemos na sociedade atual?
Em poucas palavras, a sociedade disciplinar, das fábricas, escolas, prisões, hospitais, que operava por controle descontínuo está desaparecendo. Em cada um daqueles espaços havia um controle similar do território e das pessoas que ali habitavam. Delas se esperavam obediência, produtividade e quase nenhuma resistência. Todavia, quando saíam para o espaço público (nas ruas, avenidas, esquinas...) encontravam outros indivíduos insatisfeitos, isolados ou agrupados em associações; a eles se juntavam e davam forma às resistências às disciplinas e aos governos por meio de mobilizações capazes de inventar uma nova existência. Isso era insuportável à ordem por trazerem insurreições e revoluções. Todavia, na atual sociedade, os controles a céu aberto são contínuos e vão do trabalho, ao estudo, ao lazer, à política, ao andar pelas ruas vigiadas eletronicamente, sob domínio de polícias e tráficos... a uma existência computo-informacional. Não sobram mais espaços para agitar desgovernos. Por isso mesmo, os principais controles dessa sociedade acontecem por meio de direitos de minorias que pretendem ser majoritários na política representativa e, ao mesmo tempo, participativos nas tomadas de decisões pontuais. A sociedade disciplinar normalizava condutas; a de controle a supera: medica para obter uma normalização aperfeiçoada do normal, como maneira de educar para a participação, segundo uma utopia conformista fundada na supressão das resistências.

2) É possível haver democracia dentro da sociedade neoliberal em que vivemos?
A sociedade atual busca institucionalizar a democracia representativa e participativa como realidade e utopia. Em função disso até a ditadura do proletariado chinesa está se acomodando para perpetuar sua a continuidade. Hoje em dia, os especialistas se adiantam para dizer que o neoliberalismo acabou ou está em vias de acabar. Isso pouco importa. O capitalismo na sociedade de controle é um investimento político inibidor de resistências; qualquer deslocamento para exigir mais ou menos atenções sociais do Estado apenas atualiza seus contornos discursivos.

3) Como pode ser vista a questão da discriminação racial dentro dessa sociedade?
Ela opera por dois fluxos. No primeiro estão os direitos de minorias que garantem uma específica participação de setores até então abertamente discriminados e que passaram a se organizar pelo dispositivo de elites (mulheres, pretos, gays, deficientes...). O outro fluxo, absorve esta pletora de direitos e distribui as minorias no âmbito político majoritário representativo e participativo, fazendo-as funcionar como apoios e complementos às elites econômicas, gerenciais, culturais, militares, políticas. Assim, os dispositivos de direitos acabam acoplados aos repressivos, emergindo desde políticas afirmativas associadas a uma moral penalizadora; ampliada até programas de seguranças para comunidades vigiados e controlados por elas mesmas. Estranhamente, tanto as comunidades como os grandes condomínios passam a funcionar como campos de concentração. Os direitos de minorias funcionam como faca de dois gumes, que corta de ambos os lados, que corta quando parece proteger: asseguram para punir, separam para incluir, organizam para controlar. Incluem mesmo discriminando; eis uma novidade.

4) Qual o papel do Estado na reprodução de subjetividades e, especificamente, do racismo? E o papel da mídia?
Não há racismo sem Estado, seja para exterminar como no nazismo, seja para fazer produzir como no socialismo soviético, seja para se administrar identidades como na sociedade atual. Repetem-se técnicas de controles do campo de concentração. O controle das populações, numa economia constantemente reterritorializada e que permite fluxos ampliados de trânsitos de trabalhadores, permanece fundamental para segurança transnacional de Estados e empresas. A mídia, por sua vez, dinamiza o funcionamento dos direitos como faca de dois gumes: expõe, descreve, julga, executa por meio do documentário, da reportagem ao vivo, dos anchormen e anchorwomen, das preparações para programas culturais e de entretenimento. Ninguém se dizracista, mas sempre conhece alguém racista. As pesquisas e nossas vidas mostram isso. E se a solução do nazismo foi o extermínio, do socialismo autoritário a prisão perpétua, a da sociedade de controle democrática é punir, encarcerar ou aplicar penas alternativas e serviços à comunidade. Ainda se crê que se supera o racismo com punição.

5) Como o senhor acha que seria possível combater o racismo dentro dessa sociedade?
Isso é uma prática de pessoas livres. Não há mais lugar para o intelectual-profeta e seus asseclas, que dizem como deve ser e fazer para comandar com rigor a fé do movimento. É preciso estar atento para a disseminação de práticas fascistas e combatê-las; é preciso inventar formas à impaciência da liberdade. 

Para acompanhar a edição na íntegra é só clicar no link abaixo: 

24 comentários:

  1. "Não há racismo sem Estado(...)Ainda se crê que se supera o racismo com punição", tal afirmação apenas constata a política repressiva que é tão presente na atualidade, fruto, talvez, do passado obscuro de nosso estado militar-ditatorial. E a discussão desse tema resvala em distintas áreas do conhecimento humano e,à psicologia, sobremaneira, se exibe como um assunto cujo debate pode ofertar soluções ou, minimamente, apontar caminhos em direção a redução deste crime tão lamentável que nomeamos racismo. E por estes mecanismos atravessa a influência do estado, da mídia, em diferentes instâncias que dizem respeito ao indivíduo: e neste sentido, a transição do controle para a punição é evidente a medida que se observa os modos pelos quais há a atuação/punição estatal, a saber, a exclusão sumária da pobreza e marginalização dos menos favorecidos pela fortuna. É importante ressaltar que esse racismo é sutil nas opiniões porém chocante na realidade, é uma forma de crime que se veste sob o capuz da hipocrisia para se revelar em episódios deploráveis e repugnantes de supressão do respeito pelo ser humano...considero relevantíssimo se promover discussões sobre a triste realidade deste tema.

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  2. É, trazer a instituição Estado para o foco do debate sobre racismo é importantíssimo. O que se tende a naturalizar, tendo a ajuda muitas vezes de uma justificativa psicológica para a questão, é a de que o sujeito dispõe de "mecanismos internos" que o fazem repelir o que lhe é diferente, e daí pra pior... às vezes até consideram haver um teor histórico nisso tudo, mas é como se este último fosse fator secundário. Mas é muito necessário se atentar para os efeitos que a emergência do regime nazista inscreveu em nossos corpos, enquanto produtor de racismos. Tem um texto curto escrito por Foucault, prefácio da edição americana do livro Anti-édipo, chamado "Anti-édipo: introdução a uma vida não-fascista", onde ele cita o fascismo como um dos inimigos ao qual este livro veio combater: "E não somente o fascismo histórico de Hitler e de Mussolini - que tão bem souberam mobilizar e utilizar o desejo das massas -, mas o fascismo que está em nós todos, que martela nossos espíritos e nossas condutas cotidianas, o fascismo que nos faz amar o poder, desejar essa coisa que nos domina e nos explora." É isso que me permite pensar que certas "raças" podem ser alvos de desprezo, enquanto outras não. Umas podem morrer, outras não. Umas podem estar ocupando a periferia e não a universidade. Umas podem aparecer na televisão como anchormen ou anchorwomen, outras só podem ocupar os cargos que não estarão neste lugar de destaque. Que saiamos dos naturalismos, que não nos percamos no lugar-comum das conceituações fáceis e óbvias. Isso produz sofrimento. Isso faz sofrer. A alguns mais, e aos outros, menos.

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  3. A discriminação racial, sem dúvida, é uma das piores formas de violência exercida pela e para a sociedade. Desde o início de sua vida, o indivíduo é violentado por introjeções que lhes são impostas. O preconceito é uma dessas introjeções que age de maneira poderosíssima, ocasionando a separação de grupos e a consequente exclusão daqueles que "não condizem" com o ideal proposto pela sociedade. Assim, o ser humano vai se adaptando a uma sociabilidade opressora, num conformismo que substitui a consciência crítica, o que gera para as raças ditas "desfavorecidas" um enclausuramento na destrutividade psíquica.

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  4. Infelizmente a busca desenfreada pelo poder, e quando falo isso, me refiro as diversas relações de poder existentes na sociedade, seja na escola, no seio familiar, no trabalho... tem legitimado práticas que tem desencadeado fatos devastadores no meio social, nesse contexto de biopoder pode-se verificar ações opressoras a determinados grupos sociais que não estejam inseridos no contexto dos padrões normalizadores.
    Deste modo o racismo de Estado se configura como verdadeira doutrina política que vem servindo para justificar a atuação violenta do Estado, a pior consequência de tudo isso é a naturalização de verdadeiras atrocidades, como por exemplo, a aceitação social de casos de homicídios de jovens da periferia,por estes serem delituosos. Devemos refletir sobre os processos que estão por de trás desses tipos de fatos, caso contrário iremos dia após dia consentir de forma passiva verdadeiras atrocidades!

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  5. O racismo é uma prática socialmente construída desde a antiguidade, o ser humano sempre consegue alguma justificativa para manter o dominante no topo e o dominado submisso. A psicologia pode ajudar a eliminar certas crenças, e assim construir uma sociedade mais igualitária.

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  6. "...Os direitos de minorias funcionam como faca de dois gumes, que corta de ambos os lados, que corta quando parece proteger: asseguram para punir, separam para incluir, organizam para controlar. Incluem mesmo discriminando; eis uma novidade." Tzvetan Todorov em seu livro: O homem desenraizado, argumenta que lutar contra o racismo através da repressão sem procurar analisar o que o provoca assemelha-se a um político de visão estreita. Comento sobre o que tem me atravessado nos últimos dias: Pessoas lutando por justiça praticando injustiça; pessoas organizadas requerendo os seus direitos passando como um rolo compressor sobre os direitos dos outros. Caminhar pelas extremidades é andar próximo, muito próximo ao abismo.

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  7. Após alguns aprofundamentos que pude ter acesso em relação ao preconceito e principalmente ao racismo, e assim refletir um pouco sobre. O comentário do Ronald (acima) me lembra a prática anti-racista que, ao meu ver, em muitos atos acaba legitimando mais o próprio racismo. A luta pelos Direitos Humanos é algo importante, e é preciso estar atento em como está sendo realizada. Uma luta por direitos que ferem outros direitos, é algo totalmente contraditório.

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  8. "(...) E se a solução do nazismo foi o extermínio, do socialismo autoritário a prisão perpétua, a da sociedade de controle democrática é punir, encarcerar ou aplicar penas alternativas e serviços à comunidade. Ainda se crê que se supera o racismo com punição". Esse comentário relata como o racismo foi construído historicamente, remodelado de acordo com as mudanças sociais. Acredito que com relação aos direitos dos homossexuais, dos negros e das mulheres a sociedade já avançou muito, mas não se pode negar que o preconceito ainda existe na sociedade, em alguns casos evidentes, em outros mascarados.
    Na sociedade do controle, como o entrevistado denomina a sociedade atual, percebe-se que essa discriminação social é "controlada" por meio da punição aos que a manifestam. Eu não considero isso completamente errado, pois acredito que desrespeitar a opção sexual, as escolhas, o sexo de uma pessoa é um tipo de violência que precisa ser combatido e punido, mas se deve lembrar que esse preconceito ainda enraizado no meio social não é algo novo, é algo que veio sendo construído ao longo da nossa história.

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  9. Concordo com o professor, não há como fazer com que as pessoas deixem de ser racistas com a punição pela punição. O combate ao racismo deve acontecer de forma educativa e não punitiva. Para isso, ao meu ver, a educação de inclusão das raças, da mistura das raças e não de segregação. A partir do momento em que se separa as raças em grupos distintos é um estímulo ao racismo, não só do Branco com o negro, ou com o mulato, asiático etc, mas de todos os sentidos. Assim, colocar as diferenças como naturais, olhar as diferenças de raças sem impor que uma seja melhor que a outra, mas apenas diferente, é que poderia ser uma alternativa para o combate ao racismo.

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  10. Colocação bem elaborada do professor Edson, mais uma vez a sociedade do controle criando medidas paliativas para que as pessoas atingidas pelo racismo se sintam assistidas , é claro que que o preconceito existe, o que acontece é que estamos velando essa prática com tais medidas punitivas somente isso !!!

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  11. Sobre esse tipo de prática e com esse nível de discussão é impensável a presidência da comissão de direitos humanos pelo Pastor Marcos Feliciano. Reflexões à respeito desses disparates só nos fazem pensar em como precisamos avaçar na luta contra a discriminação nesse país!

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  12. Nossa sociedade se esconde atrás de um discurso aberto e abrangente, mas na realidade coabita tranquilamente com um pensamento racista. Não somente um racismo de cor, mas uma atuação discriminatória das mais amplas, abrangendo vários grupos, trazendo consigo a repetição e a reorganização de vários discursos de nossa história.
    Um país onde está acontecendo um extermínio da população negra, onde onde o índice de homicídios contra negros é muito maior do que contra brancos, onde existe uma falsa liberdade referente aos homossexuais, mas que na realidade representa um véu que obscurece sua total situação de vulnerabilidade, onde seus direito e garantias são deixados de lados, onde uma série de violência são cometidas contra as mulheres das mais diversas formas, não pode se dizer isento de uma atitude discriminatória e excludente.
    Para realmente conseguirmos enfrentar esses problemas,temos que ser sinceros quanto a nossa situação real, e não cobrir com panos quentes problemas que fazem parte da "genética" da nossa história.

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  13. Me chamou atenção a parte em que Edson Passetti disse "Ainda se crê que se supera o racismo com punição.", pois tentar resolver a questão do racismo com a punição não ajuda em praticamente nada, pois não é com a punição que a pessoa irá mudar seus preconceitos e formas de pensar. Deve haver uma conscientização educativa e política acerca da diversidade de raças, valorizando as diferenças, concebendo que todas as raças são importantes e que nenhuma é superior a outra.

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  14. Como se a mera punição de atitudes racistas fosse eliminar toda a influência da mídia que dia-a-dia injeta, das formas mais sutis às mais escancaradas, ideologias que sugerem ao racismo, as quais baseiam-se em interesses de grupos dominantes. Essa atitude punitiva, como abordado no texto, não representa uma medida de combate propriamente dito ao racismo, mas apenas uma forma de controle que nada mais que mascara esse tipo de prática.

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  15. É ilusão pensar que séculos de subjugação, preconceito e desrespeito aos afro-descendentes vão ser reparados com punições a condutas racistas. Vamos punir, então, a sociedade toda, pois está permeada desse preconceito, nas falas, no olhar, nas piadas.A desconstrução será também histórica e situada no tempo, com políticas de conscientização desde a educação infantil, fomentando o pensamento de que a diferença dos povos adiciona e a diversidade étnico-racial enriquece a sociedade.

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  16. Acho muito interessante quando, na 4a pergunta, Edson Passetti fala: “E se a solução do nazismo foi o extermínio, do socialismo autoritário a prisão perpétua, a da sociedade de controle democrática é punir, encarcerar ou aplicar penas alternativas e serviços à comunidade”. Já tinha lido algo semelhante dizendo que a nossa sociedade, enraizada numa cultura punitivista, dá ao ato de punir e à criminalização de determinadas condutas efeitos simbólicos, efeitos estes que não produzem os impactos desejados (a mudança de uma visão sobre as minorias, por exemplo) e que só servem para reforçar uma cultura autoritária. Por isso, acho muito importante a reflexão sobre os processos de discriminação desligados de um ideal norteado pela intervenção penal.

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  17. A meu ver a punição nunca foi eficaz, e não será. Prender, encarcerar, punir somente aumentará a violência, os sentimentos de intolerância, e ensinará que a solução dos todos os problemas seria a "exterminação", pois é muito mais fácil lidar com uma questão desagradável eliminando do meu ambiente, tirando do campo visível, do que compreender aquela fenômeno em sua totalidade e reparar os danos, e prevenir para que este não aconteça. É preciso acreditar na educação. Educar no sentido da não segregação dos povos, em um sentido que possa explicitar que a cor não difere as pessoas socialmente. O racismo ainda é um fato existente nas relações, infelizmente, que pode ser visto também naqueles que não se dizem racistas, um racismo mascarado pela bandeira da exaltação, o dia da consciência negra é um exemplo disso, por que separar essas etnias ? por que não existe um dia da consciência branca? Muito sintomático essa ponto, pensar que há esse "racismo mascarado" que é ensinado as nossas crianças que irão futuramente reproduzir o que é ocorrido nos dias de hoje, o que foi construído de maneira absurda.

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  18. Em um primeiro momento o texto me faz lembrar claramente da política de cotas nas universidades, “funcionam como faca de dois gumes, que corta de ambos os lados, que corta quando parece proteger... separam para incluir, organizam para controlar. Incluem mesmo discriminando”.
    Uma medida com o intuito de recompensar uma etnia prejudicada historicamente no Brasil, como sendo algo benéfico, mas que ignora os problemas primordiais da educação, sendo assim, uma medida paliativa que discrimina.
    Podemos perceber que essa política apresenta uma característica da sociedade de controle. Ao tomar a política de cotas como uma medida “justa” para os negros, encobre a complexidade dos problemas de educação no país. Ao mesmo tempo em que parece estar sendo feito algo em prol da educação e combatendo o racismo, beneficiando a etnia, usa-se desse artifício como um controle sobre a população, encobrindo as reais necessidades sobre a educação.
    O racismo é “combatido” com punição, como apresentado no texto. Assim como a crise no sistema penitenciário, demonstra que não é o maior número e rigor de penas que combate o crime. O racismo é socialmente e historicamente construído, assim como a visão vingativa e conformista do senso comum em relação à criminalidade. São discursos que precisam ser desconstruídos para que desvele a complexidade e que produza novas formas de pensar a realidade.

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  19. Devido há determinados acontecimentos históricos (entre eles a Declação dos Direitos Humanos), o racismo ganhou novas formas de manifestação, como passetti diz "Ninguém se diz racista, mas sempre conhece alguém racista". Lima & Vala (2004) no texto "novas formas de racismo" falam de novos racismos ou preconceitos; o primeiro tipo de racismo comentado pelos autores é o racismo moderno, que é aquele que refere-se às demais pessoas acharem que os negros recebem maior atenção do que deviam. No Brasil podemos ver essa situação referente à cotas para negros, as pessoas comentam que não é justa, que é um mecanismo que subestima o negro.

    Recomendo o texto de Lima e Valas -muito bom mesmo- http://www.scielo.br/pdf/%0D/epsic/v9n3/a02v09n3

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  20. A desconstrução do preconceito racial torna-se difícil pois é algo que provém de longas datas e acabou sendo enraizado em algumas pessoas ou culturas, entretanto acabar com ele não é impossível. Não se pode baixar a cabeça, deve-se lutar para que o preconceito acabe.
    Entretanto aplicar apenas ações punitivas, tal como colocou o professor não resolve o problema. O preconceito deve ser desconstruido a partir de ações educativas, com políticas de conscientização da população.
    É algo que deve ser repassado principalmente para as crianças, que estão em processo de educação, crescimento, maturidade para que a noção de que as diferenças enriquecem a sociedade possa ser propagada e compreendida por muitos.

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  21. Sabe-se que a punição não é a melhor forma de agir, pois além de impulsionar a prática da discriminação e preconceito mais ainda através de revoltas, ela não altera ou melhora nada para aqueles que sofrem o preconceito. Sendo assim, o que deve ser mudado, é como o preconceito se cria ou é estimulado, e assim, pode-se reverter esse quadro, através das práticas de inclusão de todos aqueles que são excluídos ou discriminados e também aqueles que fazem essa prática de discriminação. Pois, a riqueza da diversidade (de raça, cor, etnia ou orientação sexual) é justamente ser diferente e compartilhar o que há de melhor em cada um, sem conceitos pré concebidos sem conhecimento prévio.

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  22. Nossa sociedade se esconde atrás de um discurso aberto e abrangente, mas na realidade coabita tranquilamente com um pensamento racista. Não somente um racismo de cor, mas uma atuação discriminatória das mais amplas, abrangendo vários grupos, trazendo consigo a repetição e a reorganização de vários discursos de nossa história.
    Um país onde está acontecendo um extermínio da população negra, onde onde o índice de homicídios contra negros é muito maior do que contra brancos, onde existe uma falsa liberdade referente aos homossexuais, mas que na realidade representa um véu que obscurece sua total situação de vulnerabilidade, onde seus direito e garantias são deixados de lados, onde uma série de violência são cometidas contra as mulheres das mais diversas formas, não pode se dizer isento de uma atitude discriminatória e excludente.
    Para realmente conseguirmos enfrentar esses problemas,temos que ser sinceros quanto a nossa situação real, e não cobrir com panos quentes problemas que fazem parte da "genética" da nossa história.

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  23. O racismo é nos ensinado desde cedo, somos educados à discriminar raças, gêneros, classes sociais, cor da pele etc. O pior é disso é discriminar para julgar, hierarquizar as diferenças entre piores e melhores, boas ao más. O grande problema do racismo, portanto, tem não só a participação, a constituição do estado, mas também aos valores familiares que são repassados de geração em geração. É um trabalho difícil, um pré-julgamento que está cravado na constituição de ser de algumas pessoas.

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  24. Concordo que a punição não é a saída mais eficaz para o combate ao racismo, o qual, como já citado anteriormente, é uma construção histórica há tempos presente em nossa sociedade. Entretanto, é indiscutível que precisamos dialogar nos diversos âmbitos da sociedade, desde a instituição familiar até o poder judiciário, por exemplo, acerca dessa temática que, muitas vezes passa despercebida por nós. É muito comum vermos comportamentos racistas sendo confirmados, quando estes vem disfarçados de piadas ou por pensamentos e ideologias já tão impregnadas em nossa cultura. Tivemos recentemente, o caso do Marco Feliciano com seus tweets racistas. Mas não nos esqueçamos de refletir sobre problemas mais gerais, como os índices de pobreza e violência e sua relação com as diversas formas de racismo, haja vista que, em sua maioria, a polução negra é a principal afetada nessa história. E não nos esqueçamos também das religiões africanas que são constantemente discriminadas.
    Acho que tudo começa pela educação. Educação que incentive a igualdade. Educação que mostre que não devemos ser rotulados pela existência de cores diferentes, de orientações sexuais diferentes ou de religiões diferentes - e também por aqueles que não têm religião nenhuma.
    Sinceramente, não sei ao certo qual as soluções para esse fenômeno, e nem se um dia isso irá acabar, mas acredito que, por mais "clichê" que isso possa soar, a educação ainda é o instrumento principal para mudarmos essa situação.

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