quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Brasil vai ampliar a campanha de combate à violência e ao tráfico de mulheres

Publicado em: http://www.cfemea.org.br

O Brasil prepara o anúncio de ampliação de uma campanha internacional contra a violência e o tráfico de mulheres. A ideia é anunciar a iniciativa no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. A proposta é que a ação interministerial seja firmada por meio de parcerias com autoridades de dez países na América do Norte, Europa, Ásia e no Oriente Médio. A escolha dos países foi definida a partir de denúncias que indicam maior incidência de casos.
A diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, a diplomata Maria Luiza Ribeiro Lopes da Silva, disse à Agência Brasil que o objetivo é promover ações que vão além do combate ao tráfico e à violência contra as mulheres, como garantir apoio às necessidades das brasileiras que estão fora do país.
“Queremos expandir o nosso trabalho para todos os países em que há mulheres em situação de risco. Além do tráfico de pessoas, queremos garantir o apoio às mulheres e impedir que os casos de violência continuem”, ressaltou Luiza Lopes.
A diplomata disse que o trabalho da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 Internacional promoveu uma mudança de comportamento das vítimas de violência e tráfico no exterior. Segundo ela, com profissionalismo e paciência, as atendentes conquistam a confiança das mulheres que, em geral, sentem medo de denunciar.
“É um trabalho de formiguinha mesmo. É ouvir com paciência, tempo e muita dedicação para conquistar a confiança das pessoas que ligam para denunciar. Não é fácil contar o que ocorre. É um trabalho de conquista”, destacou Luiza Lopes. “O governo está firme e dedicado para mostrar que há alternativas para essas mulheres que se encontram em situação de risco.”
A diplomata ressaltou que devido ao trabalho da Central de Atendimento à Mulher foi possível desbaratar várias redes de tráfico de mulheres no exterior. Em 2012, o serviço recebeu 80 ligações com denúncias. Do total, 26 telefonemas relataram violência física contra brasileiras no exterior - em 66% houve alerta sobre o risco de morte e em 19% sobre o de espancamento.
No dia 1º deste mês, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informaram que duas quadrilhas que traficavam brasileiras para serem exploradas sexualmente no exterior foram desbaratadas nos últimos sete meses em decorrência de duas operações da Polícia Federal.
No total, as operações levaram ao resgate de 40 vítimas do tráfico internacional de mulheres, entre brasileiras e estrangeiras, que eram exploradas sexualmente na Espanha. Nesse país, as brasileiras vítimas de violência devem ligar para o número 900 990 055, fazer a opção 1 e, em seguida, informar à atendente (em português) o número  (61) 3799-0180.
Em Portugal, devem ligar para 800 800 550, também fazer a opção 1 e informar o número  (61) 3799-0180. Na Itália, podem ligar para o 800 172 211, fazer a opção 1 e, depois, informar o número  (61) 3799-0180.
O Ligue 180 Internacional foi criado em novembro de 2011. Para o Brasil, o serviço funciona desde 2005 e registra mais de 3 milhões de atendimentos em todo o território brasileiro, segundo a secretaria.

12 comentários:

  1. O combate ao tráfico e a violência de mulheres é realmente uma questão bastante complexa, que, finalmente, está tendo uma certa visibilidade pelos veículos de comunicação. E por ser uma questão que de modo contumaz ultrapassa as fronteiras dos entes federativos e do próprio país necessita de uma articulação entre as policias estaduais, federais e mesmo a INTERPOL.

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  2. Sinceramente, não consigo entender a razão de um ser humano escravizar outro e não sentir um remorso sequer. É revoltante saber que no mundo inteiro há pessoas sofrendo, sendo obrigadas por seu próprio semelhante a fazer coisas degradantes e humilhantes. O trabalho é árduo, mas deve ser intensificado para que haja um desmantelamento dessas quadrilhas e as vítimas possam voltar aos seus lares, tendo suporte psicológico, que é imprescindível numa situação tão delicada quanto essa.

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  3. A falta de articulação eficiente entre os países envolvidos dificulta o combate a essas violações de direitos. Acho que poderia ser interessante campanhas na mídia para que a sociedade de um modo geral tomasse conhecimento sobre a real situaçãodessas pessoas, além de proporcionar um maior incentivo as denúncias.

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  4. Ao ver o título dessa matéria podemos falar sobre as lutas constantes, de uma minoria, contra o tráfico humano, sobre as realidades sofridas vivenciadas por nossas mulheres, nosso jovens, nossas crianças que são facilmente seduzidas e traficadas para outros países muitas vezes, se não por todas, por falta de estrutura e oportunidade em nosso país. Podemos falar da desumanidade de tratar uma pessoa, um outro ser humano, como um objeto que pode ser traficado, vendido, trocado como se pertencesse a alguém. Podemos falar ainda dos traumas, da perturbação, do sofrimento que esse tipo de desgraça pode causar na vida de um ser.
    Mas, eu, ao ver o título dessa matéria, me vi tentada a falar não apenas sobre tudo isso, mas também sobre a grande influência da televisão na nossa sociedade. Se pararmos para pensar no poder imenso que a mídia tem sobre as pessoas, a persuasão, a sedução, podemos ficar no mínimo revoltados, já que essa ferramenta poderia ser uma poderosa mediadora entre as pessoas de todo canto do país, no entanto manipula as informações e aliena a população aos acontecimentos realmente importantes do Brasil. Ou seja, ao invés de ser uma ferramenta para a reivindicação de direitos, a mídia é muito mais utilizada como forma de controle da população.
    Mas, o que a mídia tem a ver com tudo isso? Bem, se pararmos para refletir perceberemos que a novela do horário nobre de uma das maiores e mais influentes emissora de TV do nosso país fala sobre o tráfico humano, mais especificamente do tráfico de mulheres.
    Fico contente em ver que atitudes de melhoria podem ser tomadas a partir de influências como essas, ao mesmo tempo paro para refletir que assim como a psicologia foi criada inicialmente no intuito de controlar as pessoas assim também funciona a mídia, ou seja, tentativas constantes de domar a população e mantê-la em silencio. Como sabemos, e inclusive debatemos durante as aulas de Psicologia, Justiça e Direitos Humanos, a mídia seleciona as informações que serão divulgadas e utiliza uma informação para silenciar outras, além de pactuar com os governos para manter a alienação política da maior parte da população.
    No caso das novelas, que ditam músicas, penteados, roupas, estilos, cortes de cabelos e outras tantas outras coisas banais, fico até surpresa, digamos, quando são utilizadas para abordar temas tão importantes e polêmicos como o tráfico humano, por exemplo. Como eu disse anteriormente, é contente quando uma novela influencia positivamente na sociedade, como na tomada de medidas mais fortes no combate a algum tipo de violência, mas também descontente saber que é preciso de uma novela pra 'falar' o que deve ser feito no país. E então eu me pergunto: Até quando teremos que esperar que a mídia se manifeste para que atitudes como essas sejam tomadas?

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  5. Interessante notar como esse e um tema que não e atual, mas pelo contrário já e antigo e como agora ele está sendo bastante discutido, acredito que seja peela exposição desse tema na novela da Globo. Os governos deveriam tomar iniciativas e reformas nas legislações para executar uma melhor estrategia para combater essa mafia.

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  6. Esta é, indubitavelmente, uma questão lamentável que possui uma constituição complexa, pois combater o tráfico de mulheres e a violação de direitos se torna difícil quando não há comunicação integrativa e somatória na busca de soluções dos países envolvidos. Transformar seres humanos em escravos sexuais, mercadorizando-os e os tomando por objetos, é uma constatação que, infelizmente, pode ser contemplada quase que semanalmente nos meios de comunicação. O fato de ampliar uma política de combate a essa melancólica realidade que assola a sociedade, me parece, um aspecto importante para a mudança desta situação. Outro ponto relevante é, informar a sociedade a respeito da gravidade disto e, por conseguinte, mobilizar formas de fortalecer o combate a tal ato de desumanidade e desrespeito aos direitos humanos.

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  7. Trata-se realmente de um caso de grande gravidade, sendo constituído por uma rede mundial bem articulada, é necessário mesmo que os países possam se integrar e utilizar todos os instrumentos legais possíveis para combater um crime que transforma a mulher em uma simples mercadoria sexual, sendo necessário punir não somente quem pratica o tráfico,mas também os indivíduos que compactuam com este tipo de violação.
    Infelizmente ainda está internalizado o discurso de que a mulher é um ser inferior e isso parece atribuir o direito a certos indivíduos de escravizar a mulher. Fato revoltante!

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  8. Realmente uma questão que merece mais mepmnho governamental por se tratar de algo mais comum do que se pensa e que acontece não só na europa ou até a turquia como demostrado na novela Salve Jorge. Conhecemos sobre os casos de mulheres paraenses levadas ao suriname, entre outras...

    Informação e combate são poderosas armas nesse campo!

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  9. Espero que essa mobilização não seja apenas em quanto à mídia está mostrando o problema nas telenovelas, pois como muitos problemas este tem que tentar se resolver, ou seja, ajudar aquelas mulheres que estão sendo explorada, e como disse Adriana em seu comentário acima, eu não consigo entender a razão de um ser humano escravizar o outro sem sentir nenhum remorso, como pode alguém ser tão frio e chegar a tanta maldade! O importante agora é que todos façam a sua parte tentando ajudar, com que essas informações chegam a muitas famílias prevenindo-as.

    TELMA

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  10. A questão do tráfico de mulheres é bem mais complexa do que é apontada pela mídia no horário nobre da Rede Globo. Devemos nos questionar quais são os contextos sociais e econômicos nos quais vivem mulheres que são vítimas de quadrilhas transnacionais. Além disso, temos que nos perguntar como tais quadrilhas conseguem operar com tanta eficiência (não haveria anuência ou, pelo menos, omissão das autoridades que tem a atribuição de investigar e reprimir tais crimes?). Considero, também, que o fato de tratarem seres humanos como se objetos fossem, é muito grave e perpassa por análises éticas e sociais mais amplas do que é atualmente veiculado pela grande mídia.

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  11. A iniciativa de ampliar a proteção e apoio as mulheres, estando em seu território natal ou não, é fundamental como forma de tentar conter os abusos físicos e psicológicos que várias mulheres estão submetidas há muitos anos.
    Não podendo, entretanto, restringir tal atenção apenas ao amparo aos danos já cometidos, e sim estimular a eliminação ou diminuição desta realidade pelas próprias vítimas: as mulheres.
    Cria-se, portanto, a necessidade de tornar-las conscientes de seu papel ativo na sociedade (por mais que seus direitos sejam suprimidos), incentivando-as a lutar contra estas repressões, sem deixar chegar ao nível de espancamentos, onde, aí sim, as mulheres costumam procurar ajuda.
    A própria denúncia contra seus parceiros, ou à quadrilha, no caso de tráfico humano, antes da culminância do problema, já é uma boa iniciativa, podendo evitar maiores danos psicológicos ou físicos e até mesmo dar possibilidade ao serviço de inteligência da polícia agir, evitando futuros casos, com novas vítimas.
    Então, muito mais do que combater o já instalado caos em relação ao tratamento da mulher, é preciso intensificar a prevenção de casos assim, lembrando as mulheres o seu papel ativo na sociedade, logo, portadora de direitos que são protegidos pela lei e, caso sejam rompidos, podem e devem ser reivindicados.

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  12. É de máxima importância ressaltar os feitos brasileiros quanto à aplicação de políticas públicas que agem em defesa dos direitos da mulher, embora muito ainda tenha que se trilhar no caminho contra ao atentado aos direitos humanos da mulher, no Brasil. Sabe-se, porém, que este é um caminhar lento e árduo, pois é algo que se construiu em bases históricas de alta complexidade. Quanto a essas bases históricas já dizia Micha Foucault, em sua Microfísica do Poder, que em nossa sociedade, sexo é o que dita o que o indivíduo é, é por intermédio dele que se constrói a interpretação da verdade de cada um.
    Foucault afirmava, também, que a sexualidade é um dispositivo construído há tempos que se constituiu como mecanismo de sujeição. Portanto, observa-se que as questões de gênero estão atreladas a fatores de extrema profundidade, e devem ser tratados como tal para que se possa garantir o respeito aos direitos humanos da mulher.

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