quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Então, é meio assim!

Ficamos nos perguntando o porquê da venda de tantos livros que receitam a felicidade, tantos best-sellers, dizendo como você pode se livrar da tristeza, de como você pode evitar o sofrimento e ser feliz para sempre. O que faz as pessoas buscarem tantos mascates da formação na literatura de receitas da felicidade em 12 passos, em como mudar a sua vida e ter sucesso, em como ser feliz em 7 semanas ou algo do gênero?
Ficamos pensando ainda nos noticiários, na internet, jornais, revistas e na televisão. Acontecimentos que rapidamente a mídia faz com que viram assunto nacional e de grande relevância, como por exemplo, a Xuxa mudando a cor do cabelo de loiro para preto, nossa, realmente esse fato salvou milhões de crianças da miséria, fala sério! Ou o final da novela “oi, oi, oi...” Basta isso para saberem de que novela ora falamos, não é? Foi a maior audiência de todos os tempos.
            Isso nos preocupa e nos inquieta, pois enquanto milhões de crianças e jovens são submetidos a situações de violências e explorações, mulheres mortas pelos companheiros, genocídio de jovens pobres e negros, a Amazônia sendo devasta para gerar lucros para pequenos grupos, defensores de direitos mortos e ameaçados por coronéis e milícias, povos indígenas exterminados, trabalhadores explorados em mercados informais e terceirizados ou mesmo ainda escravizados, com que nos preocupamos?
            Dizem que temos o que merecemos, será? Será que merecemos tantas mortes? Será que merecemos tantas destruições? Será que merecemos tantas explorações? Trabalho escravo? Violências contra homossexuais? Racismos? Remoções arbitrárias para a construção de usinas hidrelétricas e estádios para a Copa? Não! Não merecemos isso, chega! Basta!
 Vamos falar sobre o que acontece aqui ao lado, bem aqui pertinho de nós, é só olhar para o lado, dobrando a esquina, vamos falar sobre os índios Guarani Kaiowá. Você se pergunta, há é, onde? Sobre quem? É de comer? “Oi, oi, oi..."?
Merecemos respeito e dignidade. Merecemos igualdade, merecemos sim outro mundo, e que é possível! Saíamos do conformismo fatalista e pensemos ao invés de ficarmos paralisados na frente da TV aberta com tanta programação anestesiante e sensacionalista! Por uma mídia cidadã de fato e democrática, contra os conglomerados e monopólios da comunicação no Brasil!

Texto de Adriana Macedo e Flávia Lemos

8 comentários:

  1. Concordo com o que foi exposto, mas é meio difícil tirar a pessoas da alienação, já que a todo momento a televisão veicula e promove o consumismo, a individualidade, a falta de compromisso com a verdade, enfim valores distorcidos. Não é impossível mudar essa visão, porém o trabalho será árduo!

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  2. Mais uma vez a mídia com esse importante papel de esclarecimento e que muitas vezes dá a tônica de quem paga mais. Se é a Avenida Brasil, Big Brother a Copa do mundo que estão em alta então já sabemos pra que lado as informações começam a tender... infelizmente é isso que ocorre. Alienação é a palavra que acredito que se encaixa aqui.

    Lembro de uma bela música da Banda Militantes:

    "Compra aquele carro, compra aquela casa
    Vista aquela roupa ela está na moda
    Fique informado, fique assustado
    Assista mais novela, perca o seu tempo
    Tenha mais cartão , gaste seu dinheiro
    Ouça esta noticia, cala a boca e fica quieto
    Espere mais um pouco, veja esse programa
    Fume mais cigarro, consuma mais bebida
    Mídia do dinheiro, mídia da mentira

    Arranca da tomada a mídia da desgraça"

    É verdade que temos veículos de informação que são dignos de nossa atenção, mas o que alcança a massa, infelizmente é a mídia da desgraça.

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    1. Complicado é quando você conversa com alguém sobre isso, diz que não tem televisão em casa, que não assiste globo e compania, aí ela responde: "Ah, deixa de radicalismo! Como assim, perder toda a programação da globo? Pelo menos o jornal, né?.." Aí você lembra dos esquemas da mídia que acontecem só nesse país, que tem uma legislação totalmente frouxa em relação ao controle da programação, às liberações para estas emissoras atuarem, e um monte de outras sacanagens. A propriedade cruzada, por exemplo, pode-se dizer que é o maior mal da comunicação do Brasil. Esta consiste na possibilidade de uma mesma empresa possuir canais de televisão, estações de rádio, jornal impresso e editoras. Isso não ocorre em outros países! Por que só aqui, né?... Pra saber é preciso que estejamos atentos, com as "antenas" sempre ligadas. Tem um livro do professor da Ufpa Fábio Castro, chamado "Comunicação, poder e democracia" que destrincha estas irregularidades a nível de américa latina e Pará, principalmente. Muito bom, recomendo!

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  3. Na minha visão, a mídia deveria trazer às claras os assuntos que ninguém se dispõe a comentar, escondidos por interesses diversos (políticos, econômicos, religiosos, etc.). Entretanto, o papel que ela vem desempenhando no Brasil atual é o da alienação, da legitimação da violência contra os despossuídos e que não se enquadram nas normas da sociedade capitalista. Deveria a mídia prestar serviços à democracia, mas o que ocorre, na prática, é totalmente o inverso.

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  4. Então fala-se sobre a espetacularização da vida, onde o que importa são os reality shows, as novelas que tratam de temas escandalosos e não sociais e de discussões relevantes . Debord nos traz "A Sociedade do Espetáculo" em sua obra, que explana sobra a vida social atual, onde o que se consome são imagens de felicidade, são imagens, símbolos que a mídia proporciona e molda a opinião do indivíduo de acordo com o poder, escondendo a realidade violenta e absurda que existe e é deixada no campo do descaso e onde se faz "vista grossa".

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  5. É fato que a mídia há muito tempo se desvencilhou da sua finalidade que é o de comunicar (no sentido pleno da palavra), o que se tem visto é um processo de alienação, no qual se constata a naturalização de violações gravíssimas de direitos humanos. Somado a tal fato, a mídia também vem firmando relações de poder, na medida em que transmite acontecimentos que são convenientes para os grupos que detém o controle político e econômico do nosso país.O jeito é a gente recorrer para as mídias alternativas, que tem como proposta mostrar a verdadeira realidade de forma crítica e sem "máscaras".

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  6. A alienação parece ter se tornado uma opção escolhida conscientemente. Parece que, cada vez mais, as pessoas buscam aumentar a “distância segura” da realidade brutal a qual o mundo se encontra, preferindo indagar-se sobre as possíveis causas do fim do relacionamento de fulanos.
    A realidade exposta na mídia, em sua maioria, manipulada, aumenta ainda mais a possibilidade de não ter tanto contato ou conhecimento com assuntos mais relevantes para o âmbito nacional e internacional do homem. Vários casos, como o citado caso dos índios da tribo Guarani Kaiowá, embora brutais e chocantes, ainda encontram-se desconhecidos e pouco documentados, ao passo que a maioria das pessoas parece saber a quantia a ser paga para que o jogador tal vá jogar no time europeu tal.
    O atual ápice do comodismo da população, principalmente a brasileira, permite a banalização de informações as quais deveriam ter maior atenção, pois, de fato, interferem e mudam a nossa sociedade, a nossa subjetividade, tornando a maioria de nós completos ignorantes.
    A mudança de tal mentalidade precisa ser trabalhada entre os brasileiros. Seja com pequenos atos, como buscar canais mais objetivos de informação, já contribuiria, a médio e longo prazo, para o redirecionamento da nossa atenção.

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  7. Infelizmente, a mídia , que deveria ser um meio pelo qual a sociedade poderia reclamar seus direitos - através de denúncias dos mais diversos escândalos que assombram a sociedade - , tornou-se um poder paralelo, capaz de derrubar e ascender governantes, formadora de opiniões, criando nos grupos menos cultos - e também aqueles que pavoneiam como "cultos" - uma realidade ilusória, fantasiosa, à serviço de uma classe dominante. O que é mais engraçado é que as ilusões não se encontram apenas na mídia, como também nos livros de auto-ajuda que insistem em fornecerem pílulas mágicas para a solução de problemas, programas de assistência que prometem acabar com a pobreza e etc. Dizer que uma tomada de consciência resolveria o problema seria colocar uma afirmação demasiadamente simplista. É necessário mostrar, e desmascarar, a verdadeira falácia com as quais tais ilusões se constituem, retirando-lhes o véu ,e mostrando, de maneira nua e crua a sociedade o verdadeiro mundo em que vive. Obviamente que boicotar as grandes mídias sempre será uma atitude válida e construtiva.

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